Isto não é uma casinha de cachorro: como a paixão política consegue ofuscar os olhos do cidadão

No século passado um artista fez uma obra fundamental que nos faz pensar sobre o objeto em si e sua representação. Desenhou um cachimbo e provou que não seria possível fumar o desenho do cachimbo.

O que o leitor vê? A entrada de um imóvel à rua Bento José de Carvalho, no centro? E o que mais: colchões, pares de tênis e objetos de uso pessoal? Ou seja: alguém dormiu ali. É possível dizer que aquilo não é uma casinha de cachorro?

É sobre representação e não sobre o objeto do pensamento em si que incide a proposta da fotografia que ilustra este texto. A imprensa possui seu papel na sociedade e as redes sociais também. O importante é poder mostrar, poder falar sem se preocupar com as críticas. Porém, a verdade reside nos fatos.

Eis o fato: na porta de uma antiga escola idiomas, no centro da cidade, um ser humano dorme sobre colchões fétidos sem qualquer padrão de higiene. É um morador sem-teto, uma pessoa que vive na rua, pedindo esmola. E ele não vive em uma casinha de cachorro.

É nesse ponto que o site Porto Ferreira Hoje quer chegar. O poder público municipal está cego para os problemas sociais de Porto Ferreira. Não importa se a caixa de papelão é para um ser humano ou um animal. Porque o ser humano é um animal, mas um animal social. E aqui reside a diferença.

A fotografia é uma representação. Entre o objeto pensado pelo ser humano e a fotografia existe um espaço. Espaço de reflexão e de interpretação. Apenas um ser humano é capaz disso.

Na semana passada a imagem de um mocó na praça Olímpia Meirelles de Carvalho, a 100 metros do gabinete do prefeito Rômulo, chamou a atenção dos leitores. E o assunto gerou discussões acaloradas.

Por outro lado, a publicação resultou em comentários, principalmente, de uma dona de casa da Vila Real, de uma moça rica e de um morador da rua Dr. Carlindo Valeriani, vizinho da Igreja Matriz. É uma pena que esses cidadãos, entre milhares de outros, estão sendo traídos pela imagem. 

A fotografia registrou um fato social, um fato recorrente, um evento que choca e negar que não existe um morador de rua lá na praça é um contrassenso.

Não se trata de um mocó para um sem-teto ou uma casinha de cachorro, apenas. Se as ONGs ajudam a tratá-los ou lhes dar água é sinal de civilidade. Entretanto, for um cachorro ou dois que ocupam aquele espaço a resposta é simples: o canil municipal não é ali, existe um local mais adequado para se criar cães abandonados. Há uma questão sanitária em jogo.

Se for um ser humano (como é o caso da rua Bento José de Carvalho) é pior. Demonstra que as políticas públicas não alcançam aqueles que estão desamparados.

 O evento que choca – seja uma caixa de papelão ao relento ou colchões sob uma marquise –  impede o advento do senso crítico. Os incrédulos fecham os olhos diante dos problemas. Não um problema, mas vários. É a barbárie que ocorre diariamente no coração de uma cidade que ninguém se importa. E o prefeito Rômulo tem responsabilidade sobre isso, quer ele queira ou não.

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